Luanda – A Organização das Nações Unidas (ONU) vai continuar a apoiar Angola na luta contra a corrupção e todos os males sociais que impedem a prosperidade da sua população, afirmou, este sábado, em Luanda, o representante deste organismo no país, Paolo Baladeli.
PROCURADOR GILBERTO MIZALAKE
FOTO: FRANCISCO MIÚDO
PAOLO BALLADELLI, REPRESENTANTE DA ONU EM ANGOLA
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Sem precisar como se efectivará tal apoio, considerou a corrupção um cancro mortal que invade entidades, sociedades e anula as potencialidades para o desenvolvimento de um país e da sua população.
Ressaltou que a corrupção é um desafio complexo que persiste em muitos países do mundo.
Fez saber que o tamanho de recursos ilícitos no mundo, a cada ano, é de aproximadamente 2,5 triliões de dólares americanos, dos quais 1,5 triliões em suborno é um trilião por perda de capitais dos países em vias de desenvolvimento.
O representante da ONU em Angola falava sobre a experiência internacional no combate à corrupção e ao branqueamento de capitais, no acto de abertura da campanha de moralização da sociedade sob a égide do MPLA (partido no poder).
Segundo Paolo Baladeli, estima-se que o fluxo de capitais ilícitos é dez vezes mais alto que o montante actual para ajuda dos países em desenvolvimento no mundo.
“Se somarmos essas perdas até ao ano de 2030, o total obtido é muito superior aos dez triliões necessários para erradicar a pobreza no mundo”, observou o diplomata.
Para ele, a corrupção rouba recursos vitais às escolas, aos hospitais, à protecção, priva os cidadãos dos seus direitos e anula oportunidades de investimentos estrangeiros.
Afecta, igualmente, a justiça “porque os oficiais públicos ficam também envolvidos em processos perversos e fecham os olhos para a solução dos problemas que obstaculizam o desenvolvimento sustentável da população”.
País possui apenas 463 magistrados do Ministério Público (MP)
O país possui apenas 463 magistrados do Ministério Público, número considerado insuficiente tendo em conta o universo populacional estimado em 26 milhões de habitantes.
O director nacional de Organização, Planeamento e Estatística da Procuradoria-Geral da República (PGR), Gilberto Mizalake, informou que, o ano passado, transitaram no MP 196 mil processos.
Ao falar sobre o papel dos órgãos de administração da justiça no combate à corrupção, Gilberto Mizalake entende que, quem desvia bens públicos está também a cometer um crime contra humanidade.
Para si, a corrupção corrói os fundamentos de um estado democrático de direito.
Disse que a PGR necessita de mais quadros especializados para levar avante a luta contra a corrupção no país.
A campanha pública para a Moralização da Sociedade decorrerá em todo o país sob o lema “Combater a Corrupção, o Nepotismo, a Bajulação e a Impunidade é garantir o futuro melhor e bem-estar às Famílias angolanas”.
No lançamento da campanha, na Tenda do Talatona, em Luanda, contou a presença de políticos, individualidades da sociedade civil, da academia, dos órgãos de justiça, da igreja em Angola, representantes do corpo diplomático acreditado em Angola, deputados, entre outros.